Quando eu fiz 15 anos eu estava
na oitava série e meu colégio estava praticamente falindo, as matérias eram
dadas de maneira muito ruim, os professores estavam desmotivados e pela
primeira vez eu havia me desmotivado com a escola. Dado este contexto eu e a
minha mãe decidimos escolher um novo colégio, coisa que eu não fazia desde a
segunda série e eu nem me lembrava como que a escolha foi feita. A princípio eu
queria muito fazer uma escola técnica do estado e cursar um técnico em
informática, porém eu não consegui passar na prova e tive que escolher alguma
escola particular que tivesse um preço ao nosso alcance e foi assim que eu
conheci o Colégio Gênese, um colégio pequeno , mas que me chamou muito a
atenção principalmente porque ele tinha uma equipe de robótica, algo que eu
nunca tinha visto de perto. Robótica era uma daquelas coisas que eu achava
legal, mas que não corria atrás de conhecer mais a fundo ou coisa assim, porém
quando eu conheci a equipe na minha primeira semana de aula eu adorei aquilo,
entrei e nunca mais saí. Foi assim que eu comecei a minha história com robótica
e com o time Genese Team #2236. Nós participávamos da competição First Robotics
Competition; a cada ano o desafio da competição mudava e era necessário
desenvolver um robo diferente. Logo em nossa primeira competição nós
conseguimos o prêmio de “Rookie Seed Award” que era um prêmio pela melhor
colocação no evento de uma equipe iniciante, ficamos em 3 lugar no placar
geral, atrás apenas de equipes que tinham pelo menos uns 5 anos de experiência,
eu sinceramente não sei até hoje como chegamos tão longe logo de cara. Aquela
equipe era uma equipe muito legal, alguns daqueles membros são até meus
melhores amigos, foi graças a equipe que o colegial pode ser tão bom quanto
foi, porém algumas coisas me “travavm muito”, por exemplo, um fato que
aconteceu no dia seguinte à competição ainda no hotel: estávamos todos tomando
café e a diretora da escola e mentora da equipe começou a falar o que cada um
de nós havia feito de bom e útil da equipe que ela estava parabenizando e ela
se lembrou de todos na equipe, até pessoas que nem estavam mais ali porque
haviam decidido voltar de avião, menos de mim. Ela simplesmente não falou nada
que eu havia feito mesmo eu tentando todos os dias freneticamente ajudar, eu
tentei usar meu inglês, eu organizava tudo, eu planejava estratégias, ajudava a
montar/desmontar o robô, era curioso o suficiente para tentar entender tudo do
robô, mas mesmo assim ela não se lembrou de mim. Todavia aquilo acabou me
ajudando, eu fiquei a viagem de volta inteira pensando nisso (em 24 horas de
viagem dá tempo de pensar em bastante coisa) e decidi que eu queria me
especializar mais em alguma área e decidi que seria a programação porque eu já
tinha lido um pouco à respeito na oitava série então seria fácil aprender mais
e usar na robótica. Eu não guardei nenhum rancor por aquela situação, tanto que
eu só decidi cursar engenharia mais tarde em um outro evento de robótica ainda
com aquela equipe quando a diretora me perguntou “Silas, o que você pretende
prestar no vestibular?” eu respondi “Provavelmente design de games” então ela
disse “Você parece gostar muito de robótica, já pensou em engenharia?”, naquele
dia eu comecei a perceber o quanto eu gostava daquilo e por causa disso decidi
cursar engenharia (tirando a parte que esse maldito curso é difícil de entrar e
pior ainda de sair, eu não me arrependo nem um pouco). Um dos problemas que eu
tinha com esta equipe infelizmente era que eu não me sentia muito a vontade
para sugerir ideias, opiniões ou ajudar em coisas mais efetivas que fossem
mudar o curso das coisas, eu me sentia “anulado” mesmo que fosse por mim mesmo.
Depois deste primeiro campeonato a equipe
começou a ser reestruturada e começamos a competir na Vex Robotics Competition
e os membros da equipe eram as pessoas mais próximas de mim e que estavam em
sua maioria na minha sala, éramos agora o time Genese Team #7015.
Com esta equipe participamos de
dois eventos, nos dois tivemos performances interessantes e chegamos até mesmo
a nos classificarmos para o campeonato mundial, nesta época eu estava mais
ciente do quanto eu gostava de robótica e sentia que estava ajudando mais,
porém como parte do que a gente fazia vinha pronto e eu via pessoas com a minha
idade fazendo coisas muito mais incríveis, sem contar que eu sentia que na
nossa equipe faltava algo ainda, mas que eu não sabia explicar. Participamos
também de competições de sumô; os desafios que estávamos acostumados tinham um
nível de complexidade bem alto e uma competição de sumô a princípio não
demonstrava muito desafio porém nunca conseguimos ir REALMENTE bem nas
competições de sumô e levou anos para eu entender o porquê disso. Foi nessa
época que despertei meu lado fã de robótica mais geral: filmes, livros, animês,
fóruns, TUDO. Eu até mesmo escreve uma espécie de música sobre uma competição e
mandei em um fórum americano da VRC onde vários americanos elogiaram.
O colegial acabou sem mais
grandes conquistas e passei por uma fase meio desanimadora que foi o cursinho,
porque durante essa época eu não participei de nenhuma equipe e fiquei apenas
com a esperança de quando eu entrasse na faculdade eu fosse conseguir entrar em
alguma equipe já existente com alunos brilhantes, competições desafiadores,
etc, etc,etc. Enfim, passei no vestibular fiquei feliz da vida, cheguei na
faculdade e a surpresa: não existia nenhuma equipe de robótica no campus
inteiro. A princípio eu fiquei meio desanimado e pensei que meu “amor” por
robótica fosse acabar e eu ia me acostumar com algum outro grupo de pesquisa ou
coisa do tipo até que em uma reunião de uma extensão da engenharia elétrica eu
preparei uma apresentação e sugeri algo bem inusitado para um bixo: eu ia
tentar criar a minha equipe de robótica. No início isso foi BEM complicado, a
gente começou do NADA, a gente nem sabia direito por onde começar, até que a
gente decidiu focar campeonatos de sumô de robôs, engraçado né, antes eu achava
tão banal sumô de robôs e levou anos para eu entender de verdade a complexidade
que isso poderia ter. Dessa vez não tinha kit pronto, não havia manual de
instruções e só está dando certo por um motivo: a equipe tem pessoas incríveis.
Eu estou escrevendo este texto logo depois de uma competição que perdemos,
porém foi a competição que conheci de verdade e confirmei pra valer o potencial
de cada um da equipe, todos eles trabalharam de forma incrível e hoje nem dá
pra acreditar que eu aprendi tanto já com estas pessoas. Hoje eu faço parte da
equipe FEG-Robótica e analisando de maneira bem fria, analítica, realista,
objetiva eu posso dizer com toda a certeza: está é a melhor equipe que eu já
tive a oportunidade de fazer parte em toda a minha vida. FEG-Robótica, vocês
são incríveis.
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