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sexta-feira, 15 de abril de 2011

[E-book] Conto: Memento Mori


Olá pessoas. Peço desculpas pela demora e pela ausência de um capítulo do conhecido E-book. Mas hoje vos trago a primeira parte de um breve conto que eu comecei a escrever. A cada capítulo ele será acompanhado de um texto para reflexão relacionado ao enredo da respectiva parte. É a primeira vez que escrevo algo tão triste.


Até mais

Mr. Silver

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O médico pegou a ficha de seu paciente e a segurou junto com uma folha lotada de informações dispersas sobre o mesmo. O sol estava forte, mas mesmo assim ele acendeu um cigarro, afinal só assim para aguentar uma notícia daquelas logo de manha. A ficha do paciente dizia que ele havia sido um ótimo aluno na universidade de São Paulo e se formara em direito com louvor, isto havia menos de dois meses. Ele não tinha família nem nunca namorara na vida, tinha apenas alguns amigos como família, porém como já tinha 25 anos ele era muito independente. Todavia uma notícia dessas seria muito forte até mesmo para ele. O médico se chamava Julio e era seu primeiro ano de atuação no Hospital das Clínicas. Por mais que durante a faculdade o contato com pacientes era constante ele nunca tinha se sentido muito confortável com a ideia de anunciar o tempo de vida de alguém. Eles estavam no ano de 2050 e a medicina havia avançado para um nível onde era fácil prever a data da morte de uma grande gama de doenças e com um orçamento ainda maior dava para descobrir o horário da morte de uma pessoa qualquer. Era hora de apagar o cigarro e ir ao consultório, ele havia prometido que hoje ao meio dia ele daria o diagnóstico completo sobre a saúde de Lucas, o paciente.

Lucas tinha uma vida normal até os seus 16 anos, quando em um trágico acidente de carro seus pais infelizmente feleceram. Quando isso aconteceu Lucas se tornou um garoto muito quieto e dedicado aos estudos; dizem que quando alguém sofre algum grande trauma, seja lá qual for a idade, ela passa a se dedicar em alguma coisa para que seu cérebro não tivesse que pensar o tempo todo no que lhe havia causado o trauma. Com isso ele passou de um aluno mediano de uma escola pública de Osasco para o primeiro lugar no vestibular da universidade de São Paulo e após cinco anos se consagrou como um dos melhores alunos que a USP já havia tido o prazer de abrigar. Porém aquele sucesso estudantil não havia conseguido apagar duas coisas: a saudade que tinha de seus pais que sempre haviam sido a sua única família e a sua imensa vontade de ter uma namorada. Quando entrou na faculdade pensou que conseguiria uma namorada, era um pensamento que se baseava no seguinte raciocínio:”Eu tenho cinco anos de curso pela frente, no meio de tanta gente as chances de eu não conseguir nenhuma namorada tendem a zero”. Infelizmente as coisas não ocorreram como ele imaginava: os cinco anos se passaram e ele não conseguiu sequer um beijo(fato que ele omitia para a maioria das pessoas, ele não era burro). Mas conforme os anos passaavam desde o início do seu curso, a euforia de querer ter uma companheira iam passando e era substituida pela corrida vida universitária a qual ele sempre dedicou todos seus esforços. No presente dia ele pretendia andar de sua casa até o consultório onde receberia o resultado de uma série de examos que ele fazia anualmente, o médico disse que queria falar com ele pessoalmente e o mais rápido possível. Acordou em seu apartamento no centro da cidade e caminhou vagarosamente até o banheiro, sua face estava como a face de um homem saudável. Lucas era alto, magro e extremamente branco, seus olhos eram bem caídos durante o dia todo, o que era completamente normal para um homem saudável do ano de 2050. Colocou uma roupa leve, calças brancas que ele usava para caminhar de manhã e uma camiseta também branca e muito comum; faltava ainda quinze minutos e a clínica era muito próxima de sua casa, então decidiu ir caminhando com calma.

O médico Julio não aguentava mais esperar pelo paciente e ainda assim não sabia como dizer a ele o que tinha para falar. Por algum motivo a folha de papel cheia de informações dispersas sobre seu paciente, que agora estava amassada e suja, contava com a frase “NUNCA NAMOROU NA VIDA” escrita diversas vezes e até mesmo grifada. Enquanto pensava a respeito disso alguém bateu a porta assustand-o, pois como ele não tinha consultas marcadas para aquele dia além de Lucas, só podia ser ele mesmo. Lucas se sentou confortavemente esperando a conversa que viria a seguir. Sem mais delongas Julia começou:

- Lucas. Como você se sente no momento? – Julio tinha uma voz muito rouca, mais do que o normal para o ano de 2050 onde quase todas as pessoas tinham algum problema na garganta.

- Me sinto ótimo!

- Você deve estar ciente de como a tecnologica médica evoluiu nos últimos quarenta anos, não é mesmo?

- Com certeza, tive o prazer de participar de julgamentos onde graças a esse desenvolvimento a justiça pode ser melhor cumprida.

- Pois bem. A medicina chegou a um estágio onde é possível dizer em quanto tempo alguém com uma doença discreta poderá viver ainda.

- Como assim? Doença discreta? Do que está falando? – Lucas começava a ficar mais pálido do que o comum e o que seria apenas uma consulta de rotina estava começando a mudar.

- Doença discreta é uma doença que não se tem nenhuma evidência física de sua existência porém teoricamente ela está lá e devido ao avanç da matemática na medicina é possível prever tudo que ela irá lhe causar.

- E o que tudo isso tem a ver comigo? – Lucas começava a ficar impaciente para saber logo aonde isso iria dar.

- Tem a ver que achamos uma doença discreta em seu organismo. Você deve primeiramente...

- QUANTO TEMPO DE VIDA EU TENHO? – Lucas já se via levantando da cadeira e colocando as mãos sobre a mesa do médico. Sua face não era mais pálida e sim vermelha e sua tempora saltava.

- Se é para ser direto. Você tem mais três anos de vida, contando a partir de hoje, esse foi o motivo de ter marcado especificamente hoje.

- Obrigado.

Memento Mori

Memento Mori é uma expresão em latim que quer dizer algo como “Lembre que é mortal. Lembre-se da morte”. Morte não é o tipo de coisas que em geral as pessas gostam de se lembrar, principalmente porque ela em geral parece estar muito distante e como é algo que por mais que tentemos evitar, nunca escaparemos. Mas e se um dia lhe anunciassem o exato dia em que voce iria morrer? Será que você havia se esquecido da morte? Ou apenas a evitou e ela decidiu lhe fazer uma visita?

A vida é muito longa. A vida é curta. As pessoas falam ambas as coisas dependendo da sua formação cultural e inluências outras. O fato é que se hoje você e jovem, em geral terá vários projetos como o casamento ou a vida univrsitária e quem sabe um grande sonho de mudar o mundo. Se a morte avissase que iria bater a porta antes que você consiguisse se realizar é comum que você reclamasse, achesse ruim e caisse em uma profunda depressão. Porém em geral ela não avisa e a situação mais próxima a isso é conhecer um amigo cheio de sonhos e potencial para realizá-los cuja vida acaba muito antes de completá-los. Não se esqueça da morte, mas caso ela o lembre. O que você faria? Sentiria uma tristeza profunda e desistiria de tudo que já lutou? Digo que não sei o que faria, posso saber o que muitos personagens fariam, posso decidir o que eles irão fazer e desta forma também posso decidir o que fazer. Somos os nossos próprios personagens. Agora apenas se imagine estando na situação de Lucas, tendo exatamente mais três anos de vida, ele pode decidir mudar completamente a sua vida para algo desafiador, aventureiro que ele nunca havia sido. Lucas pode decidir levar sua vida como sempre levou como se ninguém houvesse lhe dito o que lhe ocorreria em três anos. Ele também poderia muito bem lutar por um sonho que sempre teve e tentar alcançar ao menos ele: conseguir uma garota. Mas será que isso é tão importante assim? Será que é necessário ficar tão triste por não se dar bem com as garotas?

Certa vez estvámos estudando eu e meu amigo Yo, estudávamos muito concentrados para passar no vestibular e eu fiz a seguinte pergunta: “Se você descobrisse agora que tudo o que você conhece iria acabar em pouco tempo. O que faria?” Ele me disse “Eu não sei exatamente, mas sei que não estaria aqui fazendo isso.” Voltamos aos estudos.


4 comentários:

De fato tentamos fugir da morte a todo momento; estamos acostumados a não discutí-la. De certa forma, acho que a morte é um tema que deveria ser mais frequente e discutido entre as famílias, afinal, todos um dia irão morrer - é a natureza -, e devemos estar preparados para encarar isso.

Adorei o texto! Com certeza Lucas terá que decidir como aproveitar ao máximo esses três anos de vida. Correr atrás dos seus objetivos? Tentar passar seus valores de ideais para outras pessoas, para que não morram e sejam expandidos para mais e mais pessoas? São infinitas possibilidades e estou ansioso para descobrir como será o desenrolar da história.

Todos temos muitos planos para nossas vidas; é realmente muito difícil e desconfortável pensar em o que faríamos se soubéssemos que a hora de nossa morte está chegando. Por isso: Carpe Diem!
 
Gostei do texto, muito bem feito. Mas ainda assim, aposto que o Lucas vai arranjar uma garota na última semana de vida, e terá um filho chamado Julius! LOL
 
Haha Boa. Carpe Diem! Willz... Será que uma história que começa tão triste terá um final levemente feliz? So o tempo dirá! Muito obrigado pelos comentários.

PS: @Will Voce cismou com Julius hein auhauahauh
 
vai ver eles encontram a cura pra doença dele no corpo da menina que ele mais odeia, a Maria Dolores da Silva Costa Sobral Fatinha u.u
 

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