Think!

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

[E-Book] The storm is comming.




Será que agora eu consigo ir até o fim ? Será que existe um fim ? O que é um fim ?



Eu não entendi exatamente o que estava acontecendo, de repente era como se eu tivesse acordado de um sonho muito longo, daqueles que a gente esquece que existe uma realidade fora do sonho. Silver estava me levando para a realidade, mas será que eu queria me encontrar dinovo com essa realidade ? Tudo que eu sabia era que eu tinha que ver Joshua dinovo e algo na fala de Silver me dava a entender que eu não teria muitas oportunidades daqui pra frente. Eu descobri mais pra frente que eu teria na verdade mais oportunidades do que eu gostaria de ter. Eu não fazia a menor ideia se o vestido era bonito ou não, mas tocando ele dava para perceber que ele tinha muitos detalhes, principalmente na base dele.
            - É um vestido vermelho, tem um decote não muito exagerado, a manga dele é bastante longa, existem alguns detalhes na base dele que eu não sei explicar bem, mas enfim. Ele é muito bonito, é o mínimo que você merece – Me explicou Silur – Aposto que Joshua vai gostar de ve-la... Se bem que ele ia gostar de você até se você fosse com uma camiseta da Vans para a formatura.
            - Então eu realmente vou vê-lo ?
            - Definitivamente! Eu estou colocando metade da minha vida em risco por isso!
            - Metade ? E a outra metade?
            - A outra metade minha cara, eu já perdi faz tempo.
Silur me indicou o vestido, me guiou por um tempo e depois me deu privacidade para que eu me trocasse. Conforme os minutos se passavam mais eu me dava conta do quão absurdo era eu ter passado tanto tempo sem me questionar sobre o que exatamente aconteceu comigo. Mas será que as pessoas não fazem isso o tempo todo ? Sinto como se o mundo estivesse o tempo todo mudando, para pior, e ninguém percebesse até que algum ente querido morresse  ou todo mundo saísse andando na rua gritando. O problema é que ás vezes a gente também voltava a ficar cegos quando algum ente querido morria ou pessoas fossem as ruas andar e gritar. Ficar cega me fez entender muitas coisas,eu achava que eu não tinha pensado, mas acho que por um longo tempo, tão longo que pareceu tanto um ano quanto um segundo; eu pensei em tudo que eu tinha visto enquanto eu podia, em tudo que eu ouvi, tudo que passei. Não consegui entender porque eu estava naquela situação e enquanto eu me trocava tudo fazia ainda mais sentido, era como bater em um cachorro e logo depois dar um biscoito para ele. Era tudo muito emocionalmente estressante para mim, mesmo com os 2 anos de diferença, nestes anos eu recebia minhas refeições todo dia e por mais que no começo eu quisesse mais morrer achava que nem em casa mais estivesse acabei decidindo viver enquanto fosse possível, algo me dizia que quanto mais eu vivesse mais eu aprenderia e mais eu poderia entender sobre o que era todo o mistério que a minha vida tinha e que eu não conseguia sequer identificar bem até ficar cega. Eu sabia alguns fatos que apenas me davam caminhos para trilhar, dúvidas, questionamentos; o primeiro era que o meu pai tinha um grande segredo que me envolvia e que ele nunca teve coragem de me contar. Antes eu diria apenas: “ele nunca quis me contar”, mas hoje observo que o que lhe faltou foi coragem e se eu ainda tivesse qualquer esperança de que meu pai não soubesse e tudo isso tivesse sido fora do consentimento dele eu poderia dizer  “ele tinha medo porque não havia nada que ele pudesse fazer”, mas eu sei que esse não foi o caso, era como se eu fosse um objeto que ele gostasse, mas que precisava ser quebrado para que outros objetos ou um objeto maior pudesse cumprir seu papel. Tudo na minha mente era metafórico, eu não sabia de nada que realmente pudesse ter acontecido, era tudo especulação e o que eu mais queria era tirar tudo a limpo com Silur, mas um nome me impedia de raciocinar direito afinal eu só queria sair correndo para os braços de Joshua. E se ele não gostasse mais de mim ? E se tudo isso fosse um truque ? E se Silur não fosse nada mais do que mais um fantoche de alguma coisa maior feita para me iludir e levar ao meu derradeiro fim ? Bom, se tinha uma coisa que eu me preparei todos os dias para quando viesse havia sido a morte. Que eu fosse bem vestida então, foi quando eu terminei de me vestir e chamei Silur. Ele disse:
            - Só tem apenas umas coisa que eu preciso te falar antes de irmos. – Imaginei que neste momento ele daria a brecha que me faria ter certeza de que eu não ficaria viva por muito mais tempo.
            - Pode falar.
            - O Joshua está sendo procurado pelas mesmas pessoas que fizeram isso em você, então é melhor você ser bem discreta, viu ? – O que ele disse foi bem diferente do que eu estava esperando.
            - E eles não vão estar me procurando também ?
            - Para todos os efeitos, você já está morta.
            - Por que ?
            - Porque por mais incrível que pareça você só está aqui, assim, graças a mim e algumas pessoas aleatórias que são importantes, mas que nunca são comentadas. -  A cada minuto Silur dava um turbilhão de informações que eu não sabia como lidar. O que afinal tinha acontecido eu não sabia muito bem, porém eu ia descobrir.
            - Já chega !
            - O que houve... ?
            - Conte tudo, toda a verdade. AGORA.
            - Eu contaria toda a verdade se eu soubesse toda a verdade, mas por ora posso te contar boa parte dela e principalmente as partes que lhe interessam. Eu posso te prometer que isso não vai demorar muito.
            O que Silur me contou foi sobre uma organização muito grande, maior que o nosso governo (mas não a única maior que o nosso governo), que tinha um propósito bem claro, definido logo em sua criação: melhorar o mundo. Falando assim eles parecem pessoas muito boazinhas, porém o grupo era formado por um bando de intelectuais radicais que acreditavam que apenas com violência, destruição e guerra o mundo poderia ser mudado. A questão era que como em matéria de guerra não havia país mais desenvolvido que os EUA, o projeto em si soava como uma grande perda de tempo e era exatamente isso que eles queriam. Eles estavam desenvolvendo uma arma de destruição em massa contínua. Não era uma bomba atômica, nem um robô gigante ou algo assim. Entretando, nem Silur sabia exatamente o que era, tudo que ele sabia eram informações fragmentadas, o que se sabia era que o alicerce do projeto todo eram crianças, aparentemente eu e o Joshua pelo que Silur sabia. Nós dois não poderíamos ficar juntos sob hipótese alguma. É aí que as coisas começaram a dar errado. Silur que trabalhava como um peão para a organização identificou um elo fraco do sistema: meu pai. Meu pai foi escolhido para gerar uma das crianças devido a varios traços genéticos importantes para o sucesso da operação, todavia ele nunca havia ficado completamente contente com esta decisão e durante anos Silur que entrara no projeto como a pessoa mais inteligente dele, foi ficando cada vez mais próximo de meu pai. Apenas poucas pessoas sabiam a identidade de Joshua e minha e Silur não era para ser uma das pessoas, mas era. Ele “movimentou pauzinhos” e fez com que eu e Joshua ficássemos próximos. Nem ele sabia que tipo de consequências isso poderia ter, mas ele tinha um objetivo bem claro: atrapalhar a concretização do projeto, para ele tudo aquilo era errado e só algo de dentro poderia parar o desastre que eles estavam prestes a causar. É bom deixar claro que não estou aqui para defender todas as ações de Silur, por mais que neste ponto elas possam estar me ajudando , ele mesmo se definiu em uma certa época como alguém que apenas queria “ver o circo pegar fogo” porque isso parecia melhor do que deixar as coisas como estavam. Quando ele não conseguiu mais esconder que estávamos não só na mesma escola, mas também namorando, os líderes do projeto resolveram que era a hora de me matar e tentar concluir o projeto daqui a alguns anos. Entretanto foi também nesta hora que Silur foi descoberto e ficou impossível obter mais informações que isso. Quando tentaram me matar, Silur apareceu e antes que terminassem o trabalho ele conseguiu matar o grupo e me manteve na casa cuidando de mim de uma maneira que para todo o mundo eu parecesse morta. Por último, tinha uma informação que não se encaixava em nada, mas que aparentemente era muito importante: uma grande chuva estava chegando.

            - Podemos ir agora ? Joshua já está esperando.